Aqui está a continuação oficial do romance O MISTÉRIO DA PET SHOP™. Para vocês que gostaram da primeira parte, aqui está a continuação. Se não gostaram, vão gostar da segunda parte. E pra quem não leu o início da história, já tá na hora de o fazer.
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Os detetives chegaram à frente do petshop, à
meia-noite, e deram a volta pelo gramado escuro que contornava o
estabelecimento para entrar pelos fundos. Eles o cruzaram vestidos de preto do
pé (sapatos) à cabeça (gorros), iluminando o caminho com lanternas, quando, de
repente, o silêncio calmo e sereno da noite é interrompido por um barulho de
excremento sendo esmagado.
–Merda! Literalmente! – berrou
Apolo – Meu sapato novo!
–Cala a boca! – sussurrou
Theodoro – Precisamos achar outra entrada SEM-FAZER-BARULHO! – completou
cerrando os dentes.
Os dois continuaram seu
caminho pelo gramado verde e molhado de orvalho, por onde Apolo agora arrastava
o sapato para ver se o estrume desistia da sua sola.
–Olha! – exclamou Theo
baixinho, apontando para a grade da tubulação do lote.
Ninguém precisou dizer uma
palavra: apenas se entreolharam e decidiram no melhor estilo “pedra, papel e
tesoura” quem iria ser o azarado a se espremer pela ventilação. Como sempre,
Apolo foi o perdedor e, como consequência, teria de fazer o trabalho sujo. Ele
tentou alcançar a entrada, enfiando-se de mau jeito, meio vertical meio
horizontal, mas desse jeito seria impossível.
–É... Muito... Pequeno! –
rangeu Apolo, fazendo força para cima. O engraçadinho ainda teve tempo de fazer
uma piada infame – Isso foi o que ela disse! – e após uma risadinha, não
aguentou segurar e caiu de bunda no chão. Como sempre.
–Acho que está muito alto...
Melhor eu ajudar! – se ofereceu Theodoro para fazer pezinho.
Theo se agachou e entrelaçou
os dedos de sua mão para Apolo, que colocou os pés nas mãos de Theodoro,
fazendo força para subir, mas estava difícil. Isso foi o que ela disse. Quando
Apolo finalmente conseguiu alcançar, Theodoro sentiu uma coisa nojenta descendo
pela sua mão, largando na mesma hora o outro detetive, que, como sempre, caiu
de bunda no chão.
–Que porra é essa?! – exclamou
Theo, enojado.
–Não é porra, é merda... –
respondeu Apolo, se recuperando da queda brusca.
Theodoro começou a esfregar as
mãos na parede, limpando o excesso de... Fezes. Trocaram. Agora Theodoro seria
o sortudo a subir pela ventilação, entrando na loja e abrindo a tranca da porta
da frente por dentro para o outro detetive entrar.
O petshop estava bem escuro,
mas de vez em quando piscavam luzes verdes estranhas. Eles acharam melhor
desligar as lanternas, pois se alguém estivesse lá dentro, iria estragar com o
plano.
No escuro, os desengonçados
detetives avançavam, tateando, a loja, até que o suspense foi interrompido por
um barulho engraçado:
SQUICK!
Acenderam as lanternas para
ver no que tinham pisado. O chão estava coberto de brinquedos de cães.
Avançaram lentamente, tentando arrastar os brinquedos para o lado, sem fazer
barulho, mas não funcionou:
SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK!
SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK! SQUICK!
SQUICK!
–Bem, o plano de entrar em
silêncio acaba de ser arruinado. – resmungou Theodoro, acendendo as luzes após
verificar a ausência de funcionários ou qualquer pessoa no recinto. Agora,
havia uma porta bloqueando o caminho. Estava trancada. Apolo inflou o peito,
cheio de marra, e disse:
–Dessa vez eu sei qual é a da
parada! – estalou os dedos, alongou o pescoço e chutou com sua maior força a
porta, que nem se moveu, saindo ilesa, ao contrário do detetive, que caiu de bunda
– novamente – no chão, uivando de dor. Theodoro olhou para Apolo, balançou a
cabeça num sinal de desaprovação e fez o mesmo que ele: chutou a porta, que
cedeu. – Eu amoleci ela para você! – resmungou, sentado no chão, tentando
recuperar sua perna.
–Cala a boca e anda, palhaço.
– disse Theodoro de um jeito ameaçador.
* * * * * * * * * * *
Lá
estava LeShawna, a chefe de polícia, organizando papéis, no meio da noite, em
sua sala, porque polícia não é apenas o glamour, a maior parte é burocracia. Por
isso que ela, como uma boa trabalhadora, estava adiantando o trabalho do dia
seguinte. Bem, LeShawna não tinha mais nada para fazer mesmo: ela não tinha
família nem amigos... Ora, amigos apenas aqueles os quais ela havia conhecido
em um reality show que participou quando era adolescente, mas esses tempos já
tinham acabado. Hoje em dia, ela se diverte arrumando papéis até tarde,
sozinha, na delegacia, cuidando da burocracia que teria de lidar no dia
seguinte.
Como Marcius, ela era uma
pessoa que se divertia mais sozinha, talvez com seu bicho de estimação. No caso
de Marcius, eram Bob e Marley, que já haviam sido entregados ao IBAMA. Já
LeShawna tinha uma gata, a Cléo. Cléo era uma gata vira-lata adotada que fingia
que era dócil, mas quando fossem acariciá-la, metia as garras no braço do
mesmo. Aposto que, de tão feia e colorida, se você olhasse bem de perto, a gata
teria até azul em seu pelo. Ou seja, Cléo era chata, sim, mas era sua única
amiga, sem contar com os amigos Theodoro e Apolo, que ela via de vez em quando,
geralmente no trabalho. Ela ainda lembrava os dias em que ela e Theodoro
resolviam casos como parceiros, nos anos 90. Aqueles eram bons tempos, sim, mas
ela havia sido promovida para chefe, o que a fez perder todos seus amigos
próximos. Agora, ela era uma mulher triste, muito triste, que passava
praticamente a vida inteira no escritório – até mesmo nos feriados! – e, quando
ia para casa, ficava horas sentada na frente do computador, tentando achar seu
par perfeito em sites de relacionamento. Todavia, quem ela realmente gostava
era Theo, e relembrava, religiosamente, todo santo dia, as aventuras que eles
haviam passado juntos, como uma equipe. Mas agora ele tem Apolo, seu novo
melhor amigo, para resolver os casos com ele, e ela não se engana: eles são,
realmente, uma dupla dinâmica... Um trapalhão piadista indesejável infame e um
homem sério que conseguia resolver qualquer coisa chutando a causa do problema.
Os pensamentos profundos de
LeShawna foram interrompidos por batidas na porta. Quem poderia ser a essa
hora? Todos os outros policiais já haviam voltado para suas famílias...
Para a surpresa de todos, quem
estava à porta eram os detetives Theodoro e Apolo, sérios. Confusa, a chefe da
polícia, LeShawna, perguntou, pasma, o que raios os dois estavam fazendo ali. A
dupla, na mesma hora, ficou nervosa, pensando em uma resposta rápida:
–Hum... Err... Não... Não
tinha nada no petshop! – gaguejou Apolo.
–Tem certeza? – perguntou ela,
desconfiada. Por alguma razão (intuição feminina, talvez), ela sabia que alguma
coisa ali não estava certa. Era óbvio que a dupla estava mentindo, mas por quê?
–Sim! Sim... – falou rápido
Theodoro, sem pensar, com os olhos arregalados e cara suspeita.
À essa hora, a esperta
detetive sabia que algo tinha acontecido naquele petshop. Algum tipo de lavagem
cerebral, ou algo talvez ainda mais esquisito. Ela não podia acreditar em uma
palavra que aqueles homens estranhos estavam falando, porque ela conhecia a
dupla Theodoro e Apolo muito bem para saber que aquelas pessoas que estavam em
sua sala naquele momento não podiam ser eles. Ou será que eram? O que teria
acontecido? LeShawna precisava arranjar um jeito de fazê-los provar que eram
aquela dupla que ela gostava tanto. No momento, ela deveria procurar nas suas
memórias o comportamento dos dois, como agiam, etc.
LeShawna sabia que na hora de
decidir quem ia se enfiar no esgoto ou algo do tipo, eles sempre decidiam no
“pedra, papel e tesoura”, e Apolo sempre perdia. Ela sabia também que para
abrir uma porta, bastava Theodoro dar um chute. Agora, se Apolo fosse dar o
mesmo chute, machucaria a perna e cairia de bunda no chão. Pensando rápido, ela
pede:
–Minha garganta está... Err...
Seca! Algum de vocês queridos poderia ir buscar um copo d’água para a LeShawna?
– os detetives, sem nem pensar que ela nunca pediria algo assim, ou se
perguntarem por que ela teria falado em 3ª pessoa e os chamado de “queridos”
falaram, em coro, de um jeito assustador:
–É claro. – e foram embora, em
fila indiana, buscar o pedido.
A chefa de polícia, que estava
achando aquilo ainda mais estranho, aproveitou o momento que ficou só em seu
escritório para trancar a porta do banheiro acoplado à sua sala para dar outra
pequena testada em seus detetives favoritos.
Os dois voltaram, cada um com
um copo cheio de água na mão, esperando LeShawna falar alguma coisa.
–Deixa a água aí... – falou,
sem pensar muito – Err... Algum de vocês poderia, por acaso, me ajudar com essa
porta?
Assim, os dois fizeram uma
fila para chutar a porta. Theodoro machucou a perna. Apolo arrombou a porta.
Isso era impossível e inaceitável. Agora era certo de que alguma coisa havia
acontecido com esses dois que foram ao petshop normais e voltaram muito
estranhos.
–Vocês! – gritou ela – Vocês
não são Theodoro e Apolo!!! Quem são vocês?! – e quando ela terminou sua
pergunta, os dois impostores sacaram suas armas, apontando para ela e falando:
–Somos nós, não há nada de
errado! – e começaram a atirar. Sorte da LeShawna que, mesmo sendo gordinha, é
rápida, e já tinha fugido para o corredor a esta hora.
Os dois saíram correndo atrás
dela, sem expressão facial nenhuma. A chefe LeShawna entrou na primeira porta
que viu, que era da cantina, se escondendo atrás do bebedouro, no escuro (sorte
dela que ela era negra).
Os perseguidores entraram na
cantina, olhando para um lado e para o outro com lanternas, e foram avançando,
lentamente, pelo local. Ela se move em direção à gaveta de talheres para pegar
alguma arma, nem que seja uma faca, ainda junto à parede.
LeShawna alcança a gaveta, mas
quando a puxa, ela cai, deixando todos os talheres baterem no chão, fazendo um
barulho que ecoou pela cantina, o que fez com que os “detetives” corressem em
direção à origem do som para pegar a mulher.
Antes que eles pudessem a
alcançar, ela, ainda agachada, foge pelo canto e vai para trás das mesas,
contornando a sala e saindo daquele inferno com uma faca bem afiada, por
precaução.
Ela saiu, correndo,
desesperada, quase chorando, da delegacia e olhou à sua volta. Era realmente
tarde, não havia carros passando e nenhuma pessoa na rua! A outra delegacia
estava, provavelmente, igual a essa: vazia, então, enquanto corria, LeShawna
tentou ligar, pelo seu celular, para a Central de Emergências, mas estava sem
sinal... Parecia até que Deus queria que ela morresse e estava jogando todas as
pragas para cima dela, ainda mais que ela morava no Humaitá... Ela precisava ir
para qualquer lugar que fosse mais seguro que aquele, então ela optou pela sua
casa, já que na outra delegacia não ia ajudar. Ela só precisava pegar uma
carona com alguém, pois as chaves do seu Palio estavam em cima de sua
escrivaninha, e nem ferrando ela voltava atrás com aqueles assassinos malucos a
perseguindo.
As chances de arranjar uma
carona agora eram bem improváveis, ainda mais que hoje em dia ninguém dá mais
carona para ninguém. Sim, as chances eram escassas, mas aumentavam se ela
estivesse em uma avenida movimentada, por isso ela dirigiu-se, na mesma hora,
para uma.
Enquanto isso, “Theodoro” e
“Apolo” saíam da delegacia, percebendo o erro, os dois “detetives” agora
corriam mais rápido ainda, tentando alcançar a coitada da LeShawna que, no desespero
do momento, sem achar nenhum táxi ou carona, entra em uma concessionária
Volkswagen para tentar achar um carro para ela poder dar o fora dali e ir para
casa, onde poderia reorganizar os pensamentos e, pela manhã, alertar a polícia
e bolar um plano.
Os impostores viram a esquina
e lá está ela, correndo para a concessionária. Eles dobram a velocidade
enquanto a mulher entra pela porta de vidro e coloca um cano entre a maçaneta e
a parede de vidro, bloqueando o caminho dos “detetives”.
Enquanto LeShawna tentava
achar alguma chave de algum dos tantos carros que lá estavam expostos,
“Theodoro” tentava forçar o cano que impedia a porta e “Apolo” batia na imensa
parede de vidro que funcionava como uma vitrine para os carros.
Agora, ela estava testando todas
as chaves em todos os carros, do andar de cima e de baixo, correndo para lá e
para cá, até que uma das chaves funciona em um deles, um touareg e ela, sem
pensar, entra no carro na mesma hora que “Theo” consegue quebrar o cano da
porta e entra e ela dá a partida, acelerando e saindo da loja pela grande
parede de vidro, quebrando cada pedacinho dela, destruindo tudo e, quem diria,
atropelando “Apolo”, metendo a roda bem na cabeça dele, esmagando-a. A
quantidade de sangue que saiu de seu cérebro espremido era impressionante e, o
mais estranho é que era um sangue negro. Se rodasse a cena em câmera lenta,
daria para ver todos os músculos de sua cabeça se partindo e a gosma preta se
esparramando pelo asfalto, pelo para-brisa e por todos os lados. Mal sobrou uma
cabeça naquele corpo, apenas alguns fiapinhos de pele arrancada e uma parte da
coluna vertebral que formava o pescoço. Além de destruir a cabeça do homem, o
carro o empurrou para frente e passou com as rodas em sua barriga, que abriu,
revelando o intestino, o qual ficou preso na roda do carro e foi completamente
arrancado do corpo, levando também alguns outros órgãos ligados a ele. E nem
vamos começar a falar do vidro quebrado, que entalhou todo o sujeito.
O carro não aguentou a pequena
queda da plataforma onde ele estava, dentro da loja, e acabou ficando sem
freio, fazendo-o bater na parede de um prédio do outro lado da rua da
concessionária. LeShawna, cheia de cacos de vidro, no impacto, bateu com a
cabeça com força no volante e ficou quase inconsciente. “Theodoro”, que
assistiu tudo isso perto da porta, ou seja, longe da confusão, continuava sem
expressão alguma. Ele aproximou-se do carro amassado, chegou bem perto da
policial e sacou a arma, apontando-a para a mulher, que agora, quase desmaiada,
tentava falar alguma coisa, mas sem sucesso. O dedo do homem que sobrou
aproxima-se do gatilho lentamente, como se tivesse algum tipo de prazer mórbido
em estar fazendo aquilo... Mas não tinha. Ele não tinha sentimentos. Seu rosto
continuava sem alguma emoção. Seu dedo encosta no gatilho. Tudo acabou. A
investigação acabou sem sucesso. LeShawna, a chefa de polícia solitária vai ter
uma morte horrível, com um tiro bem no meio dos olhos. Pelo menos é o que ela
pensou na hora...
Quando o dedo de “Theo” já
estava no meio do gatilho, quando tudo estava perdido e LeShawna, com lágrimas
nos olhos, já havia desistido da vida, “Theodoro” vomita um líquido viscoso
preto na pele negra de LeShawna, que finalmente consegue ter alguma reação e
grita, enojada. O homem, depois do incidente grotesco, cai no asfalto de certa
forma que sua cabeça se parte em dois, deixando um monte de sangue negro sair.
* * * * * * * * * * *
Acordando
em um quarto branco e extremamente limpo, LeShawna sabia que havia sobrevivido
e que estava em um hospital. Olhou para um lado, havia uma pequena mesinha com
um buquê de flores em cima, além de, ao lado da cama onde estava deitada, um
monitor medidor de frequência cardíaca e o soro que estava sendo injetado nela.
Do outro lado, havia uma janela. Ela levantou e chamou a enfermeira, apertando
um botãozinho ao lado da cama.
A enfermeira chegou e disse a
LeShawna que precisava ficar mais algum tempo sob observação médica e, após
estas breves palavras, saiu. Mas a danada da LeShawna sabia que não podia
esperar muito tempo... Ela precisava saber o que estava acontecendo!
Ela saiu da cama. Sua cabeça
latejava por causa de algum sossega-leão que os médicos haviam injetado nela.
LeShawna arrancou todos os fios conectados ao seu corpo e saiu, escondida. No
corredor, havia muitos obstáculos, portanto ela voltou e pegou o buquê de
flores, colocando-o perto de seu rosto para ninguém a reconhecer. Havia um
vento frio subindo pelas vestes de hospital dela, revelando um pouco de sua
bunda gordinha. No corredor, sempre que alguém aparecia, ela colocava o buquê
na frente de seu rosto. Ela estava pertinho do elevador quando algum médico a
reconheceu e gritou:
–Ei! Volta aqui! - e ele
correu em direção à LeShawna, que no momento entrava no elevador e apertava o
número do andar. O médico que a perseguia correu bem rápido para conseguir
alcançá-la antes que fugisse do hospital, mas bem na hora que ele ia entrar no
ascensor, as portas do mesmo se fecharam bem na sua cara, que estalou várias
vezes, por causa de seus ossos quebrando enquanto eram empurrados na parede.
Como ele ficou meio a meio (meio no andar, meio dentro do elevador), quando o
elevador saiu, o corpo do ex-médico foi cortado ao meio, revelando mais sangue
ainda. LeShawna, impressionada com toda aquela coisa de músculos descolados
pendurados e olhos saindo de suas órbitas, piscou. Quando ela piscou, toda a
violência desapareceu. Ela estava alucinando! Devia ser por causa dos
calmantes.
O enfermeiro, que na verdade
nunca foi esmagado, só depois, por um travesti, num beco escuro da cidade
enquanto voltava para casa, seguiu as regras do hospital, que eram: “Se um (a)
paciente maluco(a) fugir do hospital, soe o alarme”.
As sirenes do hospital
começaram a tocar e todos os elevadores pararam, o que foi péssimo para nossa
querida personagem, que logo entendeu o que aconteceu e, com medo de ser pega,
tenta abrir as portas do ascensor com as próprias mãos. Como LeShawna não era o
Hulk, as portas nem se moveram. Ela precisava achar um jeito de sair dali antes
que achassem um jeito de tirá-la a força. Lebomba (apelido “carinhoso” dela),
lembrando-se das coisas que via nos filmes de ação, olhou para cima e tentou
achar a saída de emergência, que nada mais era do que um alçapão no teto do
elevador.
Tentava alcançar, apoiando seu
corpo... Carrancudo nos corrimões do elevador, tentando alcançar a saída de
emergência, sem antes dar uma checada no espelho e decidindo entrar em uma aula
de pilates. Quando ela o fez, teve a visão atormentadora de um poço mais fundo
do que o inferno, junto de circuitos e mais circuitos que para ela não faziam
sentido algum.
Olhando a sua volta, ela não
consegue achar nenhum tipo de brecha ou tubulação, então todo aquele esforço
para subir ali foi em vão. Percebendo isso, pula de volta no elevador,
fazendo-o ceder com todo o peso.
O elevador caiu
assustadoramente até o 4° andar do hospital, que foi quando os freios de
emergência instalados funcionaram de repente, freando bruscamente o elevador.
Foi uma parada violenta, e fez LeShawna voar e bater com as costas nas lâmpadas
fluorescentes do teto. Mas mesmo assim, ela, com suas particularidades quase
sendo mostradas para o público, como as da Britney Spears, não desmaiou ou
desistiu. Após cair de mal jeito no piso do elevador, logo levantou, e foi
quando as portas abriram, fazendo o “ding” de sempre de um jeito sarcástico.
As portas abriram e revelaram
que a passagem para o 4° andar era estreita, pois acabou que o ascensor parou
bruscamente entre dois andares! LeShawna, sem perder tempo já que o elevador
ameaçava cair, tenta, agarrada ao carpete do corredor do hospital, passar sua
bunda gorda pela fresta e, depois de muito esforço, consegue. Ela poderia
evitar esse tipo de coisas se entrasse em uma aula de pilates que, apesar de
não servir para nada, mantém um “corpitcho”.
LeShawna se vê segura por
alguns segundos, até olhar para os dois lados e descobrir que ela estava
completamente cercada por enfermeiras, médicos, e na maioria estagiários que
queriam colocá-la em um quarto especial... No hospício. À sua frente, a única
salvação: uma janela bem grande pela qual LeShawna pulou.
Uma enfermeira estagiária,
ainda virgem de ver todas as coisas grotescas que um médico é obrigado a ver
avança na hora que a chefa da polícia maluca vai pular da janela, para tentar
pegá-la e talvez conseguir um emprego... Nesse momento tão curto em que ela
tenta agarrá-la, LeShawna acaba, quando pula, mostrando, sem querer, sua bunda
pelas vestes esvoaçantes do hospital, tirando a virgindade de Mariazinha, que
há pouco tempo atrás, aos 87 anos, resolveu mudar sua vida e entrou como
estagiária. Claro que, aos 87 anos de idade, uma idosa não consegue fazer seu
coração resistir a certas coisas inesperadas, morrendo.
A nossa chefa de polícia
LeShawna, Lebomba ou “Lêlê”, temeu por sua vida enquanto estava caindo, a toda
velocidade. Desta vez não havia freio de emergência... Ela achava que tudo
estava perdido, mas também achava que ainda não era sua hora de seguir a luz. E
ela estava certa, ainda não era sua hora.
LeShawna cai em uma pilha de
travesseiros infectados que estavam sendo levados ao incinerador de caminhão, o
que amorteceu a queda. Mas o que importava no final era que a bunda de LeShawna
(que aliás precisava de uma aula de pilates) saiu completamente ilesa.